quinta-feira, 17 de março de 2011

Parem, simplesmente parem, de patrulhar as mães

As mulheres separadas, com filhos, sofrem constante patrulhamento, velado ou explícito, da sua conduta como mães. Diferentemente de algumas décadas atrás, hoje existem muitas possibilidades de lazer, de desenvolver interesses variados e de fazer novos amigos. É cada vez mais difícil resistir a esses apelos e continuar desempenhando o papel de mãe abnegada que vive só para os filhos.

A sensação de estar transgredindo o modelo de boa mãe determinado como natural, torna a mulher vulnerável a críticas. Disso se aproveitam não só as pessoas que a cercam, como também as instituições empenhadas em mantê-las sob controle. Cada uma delas, acenando com o crime de abandono dos filhos, tenta imobilizar a mulher na função de mãe. Quase sempre os motivos dos ataques são pessoais e inconscientes, mas, amparados pelos dogmas da maternidade, adquirem aparência de verdade indiscutível.

Dessa forma, os filhos são usados como pretexto para que maridos ciumentos, ex-maridos rejeitados, mães e amigas invejosas projetem suas impossibilidades na mulher que ousa desafiar a moral estabelecida. 

Trecho do livro A Cama na Varanda, de Regina Navarro Lins

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