quarta-feira, 18 de março de 2015

Conviver com a saudade

Ser mãe foi uma das experiências mais completas até agora.
Experimento todos os sentimentos, todos os limites, todos os excessos, todas as faltas.
Já falei aqui, mas como repito mais de dez vezes por dia pro Artur, não tem nada repetir por aqui também. Ser mãe me apresentou o amor mais puro, sincero, que arrebenta e transborda meu coração. Eu não canso de dizer que amo meu filho. E faço questão de dizer isso pra ele toda hora, caso eu sinta vontade. Eu penso e falo, eu sinto e falo. Amor em excesso!
Desde que o Artur nasceu, eu tive que aprender a dividir. 
Eu queria ele só pra mim, num primeiro momento. Era eu e ele. Ele dependia de mim para viver. Eu me reconhecia em cada detalhe dele: os olhos, os dedinhos, ... 
Mas, logo eu tive que acordar. Tinha um papai ali que precisava nascer, precisava conviver com aquele bebê também. Tinham os avós, os tios e toda família e amigos que queriam participar também. 
Voltando ao pai... não foi fácil conviver, não foi fácil dividir... me sentia invadida, devastada... Mas tinha consciência de que não podia afastá-los. Artur tinha dois meses, deixei o pai pegar e levar embora por 2 (DUAS), longas e terríveis, horas! Dois dias na semana, que ele tinha livre a tarde... Os meses iam passando e essas horas foram aumentando... Aos 6 meses, com a introdução alimentar, passaram para 4 a 6 horas longe... Aos 8 meses, Artur dormiu a primeira noite fora de casa... 
Cada saída do Artur era uma dor imensa. Lembro como se fosse hoje as primeiras vezes que ele foi dormir na casa do pai. Toda vez que o pai o buscava eu sentia um vazio gigante, não sabia quem eu era, para onde eu ia, o que eu fazia... 
As pessoas te falam tantas coisas... que você tem que fazer isso ou aquilo! Sentir assim, ir para aquele lado, fazer tal coisa! Mas só quem vive sabe... É louco, eu sei e sempre soube que era! Mas eu perdia a noção, a direção, o sentido, a lógica, o foco... era como se me colocasse no escuro. O meu filho estava bem! Mas eu não sabia mais quem eu era sem ele. Quantas fugas... quantas vezes andei perdida... quantas vezes chorei escondida... 
Ainda hoje me pego sofrendo, perdida... Os anos passam, mas o sentimento não... 
Ele vive dentro de mim! Somos um! Meus dias, horários, programações são todos baseados nele. Quando ele sai, fica um vazio gigante! 
Aprendi a ocupar o meu tempo comigo nesse período. É um momento que aproveito para cuidar de mim um pouquinho no meio da jornada. São 72 horas, em média, por mês que são somente minhas. Passa tão rápido, mas ao mesmo tempo, é uma eternidade. 
É tudo uma questão de aprender a conviver com a saudade... 

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