sábado, 16 de outubro de 2010

Despedidas...

Os momentos de despedidas fazem parte da minha vida de mãe! 
Não moro junto e nem tenho nenhuma relação afetiva com o pai do Artur. O Artur tinha 4 meses quando o pai começou a buscá-lo nos horários de visita: três vezes na semana, por duas horas o Artur ia "embora" curtir um momento dele com o pai. Ao mesmo tempo que eu me sentia aliviada e respirava fundo, o coração disparava e ficava beeeeem apertado. As preocupações eram várias... Mas, eu achei que estava fazendo o melhor pra mim e pro meu filho. 
Esses horários de visita sempre foram baseados nos horários das mamadas do Artur. Enquanto ele ia, aos poucos, parando de mamar, ficava mais tempo ao lado do pai e longe de mim. O desmame* foi gradual... 
"Desmamar uma criança não deixa de ser como uma longa despedida cheia de emoções misturadas -- às vezes dolorosas, às vezes liberadoras" (fonte BabyCenter). E eu sentia tudo isso em dobro. 
No final do ano, viajei com o Artur e passei Natal e Ano novo com ele, 15 dias na praia. Quando voltamos, o Artur estava com 8 meses e iria visitar o pai. Resolvi cortar o cordão umbilical! Dia 8 de janeiro (sexta) ele foi pra casa do pai e só voltou no dia 10 (domingo). Aproveitei o momento para estar com minhas primas e amigas. Que sensação boa! Mas, ao mesmo tempo, que sensação esquisita! 
O Artur já está com 1 ano e 5 meses, e eu ainda não me acostumei com esses momentos. Sempre que chega a hora dele ir, meu coração fica super apertado. Vivo uma contradição louca! Agora, ele vai de 15 em 15 dias, sempre no sábado e volta no domingo a noite. Então, nesses momentos eu quero descansar, colocar os pés pra cima, dormir sem ter que me preocupar com nada, sair, ir ao salão, encontrar os amigos, beber, enfim. Mas, saber que vou ficar longe, sem vê-lo, sem ouvi-lo... isso dói! 
Passo por cima dessa dor de mãe, tento passar confiança e segurança pro Artur, dou um abraço e um beijo beeeeem apertado e o entrego para o pai, torcendo para que eles aproveitem ao máximo esse momento juntos. Então, coloco minha máscara de sorriso no rosto, tomo um banho gelado e tento fazer algumas das coisas que posso fazer quando estou sem ele (não dá tempo para fazer tudo). 
Na semana passada, ele foi no sábado e como tinha o feriado de Dia das Crianças, ele só voltou na terça a noite. Quando eu o entreguei pro pai, me veio uma frase na cabeça que descrevia BEM o que eu estava sentindo: "Para sobreviver é necessário um pouco de frieza!" Este final de semana seria meu, mas o pai terá um curso no dia 23 e pediu pra trocar. Hoje, ele foi de novo... Não consegui entregá-lo pro pai, me despedi ainda dentro de casa e pedi pro meu irmão entregá-lo. 
É isso, daqui a pouco ele cresce mais, e eu ficarei mais tempo longe. E, tenho certeza, que nunca irei me acostumar! Sempre será essa contradição louca, essa mistura de sentimentos. Mas, isso também é ser MÃE! 

"Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também"

Ferreira Gullar

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos..."

Pablo Neruda