sexta-feira, 15 de março de 2013

Artur - O menino cofre

Artur é apaixonado por moedas. Faz coleção de moedas e cofres por onde e por quem passa. Tem cofre na casa da bisa, da vó paterna e em casa. Recentemente, falou pro vô (meu pai) que precisava de um cofre e ganhou. Junto, algumas moedas.

A ideia é que agora, com quase 4 anos, ele entenda o valor do dinheiro. Conversei bastante com ele e expliquei para que serve um cofre. Ele decidiu que vai juntar dinheiro para comprar um relógio do Ben 10, que ele "precisa". (Tudo que ele quer, diz que precisa). 

Não demorou muito para descobrir como abria o cofre. E espalhou todas as moedas pelo chão. Eu chamei atenção e guardamos juntos as moedas novamente. 

Enquanto ele brincava com os ursinhos em cima da cama, aproveitei para ler um livro. 

"Mamãe! Mamãe!" - Artur me chamou com uma voz engasgada, de choro. 
Tinha acabado de engolir uma moeda. Aliás, a moeda estava parada na garganta. Ou "presa na minha guela", como ele disse. Aí me mostrou que tinha escondido uma moeda e uma bolinha de gude.

Nesses momentos descobrimos que não importa o quanto você cuida ou o quanto se "prepara" para um momento. Esse tipo de coisa, no íntimo, sabemos que uma hora ou outra vai acontecer. Eu mesma já engoli uma bolinha de gude enquanto brincava com meu irmão, quando tinha 4 ou 5 anos, não lembro ao certo. Mas, independente de tudo isso, eu simplesmente não sabia o que fazer ou o que pensar. Fiquei num grande vazio, um desespero misturado com medo tomou conta de mim. 

O Artur estava respirando. Mas estava assustado e agoniado com aquele objeto estranho parado na garganta. Tentei, o máximo que pude, manter a "calma". Bati nas costas dele, enfiei o dedo na garganta, coloquei de cabeça pra baixo, bati nas costas e enfiei o dedo na garganta. Mas nada mudava. Ele continuava tossindo tentando expulsar a moeda. E chorava desesperado e assustado. Coloquei ele no colo e corri pela casa, sem saber exatamente para onde ir ou o que fazer. Ao mesmo tempo, eu tinha que trocar de roupa (já estava de pijama) e trocar a roupa dele. Pegava a caderneta de saúde, o cartão do plano de saúde e minha bolsa. Peguei o telefone da casa para ligar para alguém, não sabia quem e não lembrava nenhum número. Fui saindo e quando abri a porta, lembrei que não poderia ir sozinha para o hospital e deixá-lo sozinho na cadeirinha do carro. Voltei, peguei meu celular e liguei para o meu pai, que disse que estava indo me encontrar. 

Artur estava completamente suado, tossindo sem parar, choramingando. E pediu para beber água. Eu não sabia se podia ou não, mas dei. Quando ele tomou o segundo gole, a moeda desceu e ele começou a rir e chorar ao mesmo tempo.

- Mãe! Liga pro vovô. Fala que a moeda desceu. 
E começou a chorar! Perguntei porque ele estava chorando, a moeda já tinha descido.
- Ela desceu pro meu pé mamãe! E agora? Ou foi pro meu pintinho!?
Expliquei que estava na barriga, peguei um livro que tinha o desenho do corpo humano, mostrei, expliquei e tentei tranquilizá-lo. 

Depois ele comeu um prato de arroz e feijão e bebeu muita água. 

Entrei em contato com uma pediatra que falou que teríamos que esperar. Que em alguns dias a moeda sairia. Caso não saísse, era para levá-lo para o hospital para ver onde a moeda tinha ficado. 

Obs: Isso aconteceu numa quarta-feira (13/3/13). E a moeda saiu na segunda-feira (18) a noite. Comemoramos juntos e demos tchau. 

sábado, 9 de março de 2013

Godofredo "voou"...

O Godofredo (pinto) estava morando na área de serviço lá de casa. Chegou a escapar para dentro da casa algumas vezes... E era aquela correria atrás do pinto, uma comédia digna de bons registros, mas que não foram possíveis. Godofredo também deixava rastros (muitos) por onde passava... Na área de serviço está o tanque e a máquina de lavar roupa, ração dos cachorros, pregadores de roupa, roupas para passar... E nada escapava. Nada! Todo dia era aquela sujeira e bagunça... 
Bom, não deu certo ter um pinto dentro de casa. 
Aproveitamos que o Artur foi passar o final de semana na casa do pai e doamos o pinto para um rapaz que trabalha com a gente. Assim, saberiamos notícias do Godofredo. 
Para o Artur, decidimos contar que o Godofredo voou. Ele queria uma galinha que voasse baixo e depois voasse alto. O Godofredo atendeu o pedido. Tentamos correr atrás dele, mas ele foi mais rápido e sumiu... 

Quando ele voltou da casa do pai, demorou uns dois dias para sentir falta do Godofredo. Quando contamos a estória ele ouviu atentamente, disse que teria corrido mais rápido e não deixaria ele escapar. Mas já que ele voou, não tinha como... "Espero só que ele não morra, mamãe. Que o Godofredo voe muito e seja feliz".